PUNK/HARDCORE




Entrevista com Paulo.


Na noite do dia 19/08 entrevistamos o grande Paulo, 34,em sua residência na Sta Cecilia, apartamento o qual ele divide com Josimas com quem além de dividir a moradia hj em dia já dividiu também muitos momentos dentro do movimento punk. A entrevista foi muito animada e produtiva e a cada entrevista que realizamos vamos re-construindo a memória cultural deste lugar chamado de Capela do Socorro.


O Paulo sempre ligado a música e a leitura tocou em bandas punks como o Execradores, Metropolixo, Amor febre e Odío, Disrupt, e Clangor, alias em todo o momento da entrevista ele ficou tocando sua guitarra e mexendo em seus pedais de efeitos, e sempre que lembrava de uma banda tocava um trecho a música com um ar de nostalgia, também produziu zines no colegial e no colégio fazia leituras dos autores anarquistas, e livros de literatura sempre gostou de ler.


Já no colegial tem contato com a galera do grêmio estudantil do Colégio José Vieira de Morais e o Kinha lhe apresenta o zine Bigorna produzido pela galera da juventude libertaria, um dos seus primeiros contatos com o movimento, logo depois trava contato com as organizações locais, conhece frequentando um dos shows organizado pelo coletivo Altruísta no Berimbaus Bar - unica alternativas de espaço para organizar shows naquele momento, comenta que os shows neste período não eram muito frequente, por conta das limitações de recursos e lugares.


A partir deste contato com a galera do coletivo altruísta inicia começa a participar do coletivo e fazer parte das bandas Metropolixo e Execradores, que permaneceu ate o final das atividades das duas bandas, participou do Coletivo Germinal em todo momento da sua existência lembra que o Germinal era um espaço que para além da produção dos shows,era um espaço político com intenções de rolar debates, vídeos e palestras.


Aos 19  entra na faculdade de letras e inicia sua carreira como professor de Português, pouco tempo depois vai morar no centro e continua tocando em bandas e permaneceu no Germinal quando o espaço veio para a rua  13 de Maio no Bexiga, participou por um tempo do Espaço Impróprio e hoje tem uma atuação mais reduzida no movimento considera estar em uma nova fase.


Na história que nos contou para postar aqui no blog, Paulo lembra de um momento engraçado da construção da sala de ensaio das bandas na casa do Josimas no jd Orion. Confira está história aqui


Mais sobe está história colocaremos no material que lançaremos junto as outras entrevistas no final do projeto que objetiva a fazer a reconstrução da história cultural da Capela do Socorro por aqueles que viveram intensamente, momentos de alegrias, tristezas e lutas...


Continuem acompanhando as postagens das entrevistas.
          





Entrevista com o Josimas .


No final da tarde do dia 12/08, em um apartamento no centro de São Paulo em meio ao barulho dos carros,  buzinas de uma cidade que não para e que não dorme, conversamos com o grande Josimas, que nos contou uma pouco de sua trajetória no movimento Pnnk. 



Josimas 38, está no movimento desde a década de 80, conheceu o movimento em Salvador, veio para São Paulo no final da década de 90 e logo fez contato com a cena de São Paulo, relata que havia ainda um resquício da ditadura militar e ser Punk naquela época não era nada fácil movimento contextador era sempre reprimido, na época era muito comum andar com um visual Punk e tomar um enquadro da policia e ficar sem seu cuturno e voltar descalço pra casa, e ter apreendido seus pertences.

 No inicio da década de 90 veio para a zona sul e participou ativamente do cenário da região logo conheceu uma galera da Vl Joaniza que ia para o Rio Bonito se reunir no Bote do Cabelo, também foi nessa época que conheceu pessoas que continuam na cena ate Hoje como o macarrão (banda Mestruação anarquica), logo depois montou a banda Execradores banda que tocou por muitos anos, o show de estreia da banda foi em um festival no Jd Castro Alves - Segunda miséria de todos nós, foi se relacionando com a galera da região que também forma junto a outros parceiros o coletivo de bandas e de outras produções como zine e eventos - o Coletivo Altruista. 

Josimas nos conta também como a década de 90 foi bastante produtiva politicamente havia muita discussão e grupos dispostos a realizar ações políticas, por outro lado nos relata de como era dificil organizar coisas, não tinha espaço pra fazer shows, não se tinha aparelhagens e todos os eventos ocorriam em sua maioria em bares, e só ocorriam uma vez pois os donos dos bares odiavam o som, a galera etc... Dai surge no ano 2000 o coletivo Germinal que era um espaço de cultura que o coletivo organizava ações e desenvolviam atividades do cenário punk, em 2005 o Germinal se mudou para a rua 13 de maio no Bexiga e abril falência logo depois - como o próprio Josimas diz - no somos Punks e não administradores de empresa. 

Hoje Josimas toca em bandas, faz parte do coletivo gestor do espaço impróprio, e vive dia e noite o movimento intensamente, em um relato muito apaixonado pelo o que vive nos contou um pouco de sua rotina e como organizou sua vida para ser auto-suficiente diante dos principios do faça você mesmo !, mais de sua entrevista e de outras que estão sendo realizadas pelo coletivo radioativo tod@s poderão conferir em um material impresso que está previsto pra ficar pronto no final do ano. 




Confira agora uma breve história da vivência de Josimas em um Show de confraternização do movimento PUNK OUÇA!


Entrevista com Humberto Dutra  


Na noite do dia 22/07 fomos ate a residência de Humberto, em uma conversa introvertida e animada e no meio dos instrumentos da banda de Rock Raimundos realizamos mais uma entrevista deste projeto "Direito a História e a Memória Cultural".

Humberto tem 35 anos, fez parte de vários movimentos culturais ligados ao hardcore/punk, iniciando pela Juventude Libertária na década de 90, viu o cenário straigtedge se constituir na cidade de São Paulo participando de várias bandas como Positive Mnds, dumblindeath e Self Conviction afastou-se da cena SXE aproximadamente em 95, retoma o contato com o cenário Punk anos mais tarde tocando com a banda Nós Tolere, sai da banda e começa a fazer role com os Carecas do Subúrbio neste cenário toca nas bandas Pesadelo e Bota Gasta, atualmente o Humberto é Rodie da banda Raimundos e sempre que pode tá role como ele mesmo nos relata o Rock tá na veia não da pra parar.


Em sua História relata um fato engraçado que ocorreu no evento da casa de cultura de Sto Amaro, em que ficava claro a divisão entre o MAP - Movimento Anarcopunk e o Movimento SXE da epóca.


OUÇA o aúdio desta história AQUI !


Entrevista com o Fernando 
Foi em um dia frio e chuvoso em São Paulo Z/S que entrevistamos o Fernando em sua casa no Parque América – Grajaú. Na mesma rua onde ficava a casa que originou o Coletivo Germinal. Sob o aconchego de sua morada, estávamos bem recebidos pra uma prosa que contou a história deste grupo e de outros rolês.

Fernando Oliveira da Costa, tem 29 anos. É Professor de Sociologia da rede Pública e estudante de pós graduação em História. Contou sobre os primeiro contato com o punk ainda quando era adolescente. E destacaremos aqui um trecho da entrevista onde Fernando conta como foi o início do Coletivo Germinal.  

Rádio -Como era esse convívio entre punk e straight edge, sobretudo nesta região?

Fernando - Era um negocio meio louco, em 98 talvez pelo fato de eu ser novo era muito situado o lugar onde eu poderia encontrar Straight Edge, os que moravam por aqui era o Jorel, que eu não conhecia ele, sabia que tinha uma banda, e o Silvio, cara! Foram as duas únicas pontes.

Em relação ao movimento punk que eu conhecia via seguimento anarcopunk com o Josimas, que foi em 99 era curioso porque neste período não se tinha um circuito punk aqui na Capela do Socorro, acho que na Capela é exagero dizer, mas na região do Grajáu. Acho que havia de uma forma, com um movimento e gang que é a Kaos punk, shows e tinha pessoas, que faziam rolê em outros lugares, e a casa do Josimas que era uma referência entre 99 e os anos 2000, posso dizer que era quase um centro de convivência. Que era próxima ao Sesc Interlagos. Lá ele tinha uns discos, a gente sabia o que tava rolando na cena punk.

(…) O Germinal começa a partir da discussão, já tinha um ano e pouco que eu conhecia o Silvio, a gente ia frequentemente nos shows da Verdurada, no Jabaquara, nos shows do centro cultural da Pamplona. Quando eu conheci o Josimas eu tava vislumbrado com a ideia do anarquismo e do punk, de não ser uma bagunça mas uma postura revolucionaria, eu conversava muito com o Josimas, (…) a época a Letícia namorava com o Paulo, e a gente acabou se conhecendo. Dai eu não sei o que vem primeiro se foi quando eles me chamaram pra formar uma banda chamada ou se foi o Germinal.

Qual foi a ideia, o Germinal era nesta rua, hoje é uma pizzaria, antes era uma casa no fundo toda detonada com uma garagem na frente, fechada, e pensamos dá pra fazer uns shows aqui e fomos maturando a ideia.

Foi muito engraçado, eu tinha 16 – 17 anos, era muito caseiro e uma coisa que me tirou foi o skate, (…) a cara era tá na rua. Dai eu fui trocar ideia com meu pai, essa casa era dele, e veio um monte de punk, e foi foda! Dai ficou aquela formalidade e por outro lado tinha aquela preocupação também, que me mexia por dentro, pô como anarquista você tem que ser contra a propriedade, mas como o bagulho era do meu pai a gente teve que ter um certo critério para o uso dessa casa.

Ouça aqui ! uma história que se passou no coletivo Germinal.  


O próximo passo foi dar um tapa na casa, compramos cal, umas tintar e a Leticia e o Paulo eram muito criativos, e ficou um espaço foda.

Entrevista com Alan

Alan 32 anos é Professor de História da rede pública de ensino, músico toca em bares a noite principalmente aos finais de semana, é capoeirista a 10 anos. E como ele mesmo diz educa e é educado por meio da capoeira. No fim da tarde do dia 20/07 nos encontramos para prosear sobre suas vivências no Movimento Punk, na locadora do Silvio Shina no Jardim Eliana - Grajaú.

Alan começou a atuar no movimento aos 14 anos de idade influenciado pelo irmão mais velho que trouxe alguns zines de uma manfestação, segundo ele estes zines faziam pensar de forma diferente, e também o ajudou a compor músicas com letras inteligentes e nesta epóca já arranhava um violão, em 1992 vai estudar no Senai e entra em contato com um povo que curtia um som gótico e punk, em 1993 vai estudar na escola Clarina e já se definia anarquista lia livros do Bakunin e começou a ter contato com o Frander, Silvio Shina e o Loquinho pessoas que mais tarde atuou com ele no coletivo Altruista e nas bandas Atitude Consciente e Metropolixo. Mais tarde teve contato com a banda Execradores em um Show no Jardim Castro Alves - Grajaú organizado pela o cénario Anarcopunk de lá. 

Foi para Europa acompanhando a banda Execradores em uma turnê, viajou e conheceu outras cenas punks por aqui no Brasil - Londrina e Bahia.Foi bastante influenciado pelo movimento Anarquista contra o Racimo que aproximou em um certo momento a cena punk da região com o movimento hip hop este contato segundo o Alan foi muito interessante a cena do hip hop era muito forte neste periodo por volta do ano de 95, participou de manifestações fazendo panfletagem e enfrentou grandes problemas com Skinreads nesta época o sitema era bruto. Sai da banda Metropolixo em 1997, e inicia faculdade de História, neste momento se afasta um pouco do cenário punk, e começa a realizar atividade com a comunidade, realiza o filme Margens junto a seus alunos, e tem uma atuação forte com a capoeira.

Hoje Alan se considera um "Punk velho", que apesar de não ter tanto contato com a cena punk propriamente dita fez muitos amigos que construiu uma relação bem bacana, ouça um pequeno relato de suas atuações AQUI !, uma história muito engraçada sobre uma ação direta nas eleições de 1998. Logo postaremos mais histórias desta entrevista que foi muito bacana.
Entrevista com Silvio Shina






Sob uma chuva fria que não perdoava, estivemos no dia 13 de julho, na casa do Silvio Shina, no Jd. Eliana onde ele toca uma videolocadora. 
Perdidos entre filmes, gatos, correspondêcias, fanzines, flyers e cartazes antigos, conversamos por mais de três horas sobre a cena atual do ativismo relacionado ao Hardcore/Punk e sobre os "velhos tempos", onde a comunicação era muito mais difícil do que hoje e mesmo assim os grupos se articulavam e faziam a cena.
Silvio fez parte do coletivo Juventude Libertária no começo dos anos 90, mais tarde fez parte dos coletivos 

Altruísta, Germinal(ambos anarquistas) e SELF(Straight Edge Life Family), e viu os movimentos Anarcopunk e Straight Edge em São Paulo crescerem e se transformarem.
Neste audio postado, Shina conta um de seus atos de rebeldia, que chocou muita gente, ainda na sua adolescência. Aí vai também um trechinho transcrito da entrevista com ele.
Rádio - Quais foram suas maiores influências no movimento?
Silvio - Não dá para negar que começou pela música e depois partiu para outras coisas. Eu sou muito decepcionado 
com o tal "rock nacional", mas acredito até hoje no poder da música e da palavra. Acredito que se você está num momento propício, isso muda a sua vida do avesso, se você deixar... a minha virou. Eu já ouvia Cólera, Ramones e Sex Pistols nos anos anos 80, mas a pimeira vez que eu li uma letra do Dead Kennedys eu quase tive um troço, pensei "esse cara tá falando o que eu penso!". Mas as bandas que me influenciaram a participar mesmo foram as que eu via "olho no olho", como os Execradores, No Violence, Personal Choice, Positive Mind... essas bandas que eu acompanhei. 
Quando eu comecei a ouvir as bandas anarcopunks "clássicas" como o Crass e o Conflict, eu comecei a ter certeza de que isso não é só música. Foi a época que eu estava no auge da minha atuação com fanzine, comecei a escrever muitas cartas e comecei a ver que essas pessoas atuavam em muitas coisas além das bandas; estavam envolvidas com direitos humanos, veganismo, com causas de presos políticos... Isso fez mudar meu estado mental de uma maneira muito forte, são referências que eu carrego até hoje.



Entrevista com Letícia (coletivo Germinal)




Letícia hoje é professora de filosofia e de história e deixa bem claro (mesmo que às vezes sem querer) a influência do Punk e do anarquismo na sua vida. Ela participou do movimento Anarcopunk e do coletivo Germinal desde meados de 1997, fazendo parte da (auto)gestão da casa que sediou as atividades do coletivo, na região do Grajaú. Também atuou com teatro de rua e foi dar um rolê na Europa junto à banda Execradores, conhecendo a cena punk e anarquista de lá.


No audio que estamos postando, Letícia fala sobre uma peripécia de um evento organizado pelo Germinal na Ilha do Bororé, às margens da represa Billings.


Transcrevemos uma pequenina parte da entrevista que fizemos com ela.
Rádio - Hoje sabemos que o contexto da quebrada é bem crítico, estamos testemunhando vários problemas, como o trânsito caótico da Av. Belmira Marin, os despejos, problemas de moradia. Como era o envolvimento do coletivo (Germinal) nas questões da comunidade?
Letícia - No meu ponto de vista, o coletivo não existiu por muito tempo e por isso não nos engajamos nas lutas da comunidade como eu acho que deveríamos ter feito. Nossa preocupação era, principalmente, desmistificar o Punk para a comunidade, mostrar que ser anarcopunk era uma postura política, que não estávamos lá para quebrar as coisas ou para ficar vomitando na rua. (risos)
Promovíamos ações sobre a cultura negra, contra o machismo, mas acho que não chegamos ao momento de nos articularmos com associações de moradores ou coisas do tipo.